ANNONACEAE

Xylopia brasiliensis Spreng.

VU

EOO:

851.416,375 Km2

AOO:

424,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), ocorre nos estados da BAHIA, município de Una (Amorim 1349); ESPÍRITO SANTO , municípios de Guaçuí (Curto et al. 196), Ibitirama (Flores 1592), Santa Teresa (Lopes 351), São Mateus (Duarte 8863); MINAS GERAIS, municípios de Areado (Gentry 59161), Barroso (Assis 622), Coronel Pacheco (Heringer 127), Delfinópolis (Kinoshita et al. 11/245), Descoberto (Forzza et al. 2241), Faria Lemos (Leoni 5172), Jequiri (Salino 3754), Juiz De Fora (Krieger 19388), Lagoa Dourada (Sobral 14391), Lima Duarte (Dutra 22), Marliéria (Lopes 482), São Roque de Minas (Pontes 584), Viçosa (Simão 436); PARANÁ, município de Antonina (Hatschbach 33666), Boa Esperança (Cleonir s.n.), Cruzeiro do Iguaçu (Soares 341), Guaratuba (Hatschbach 18161), Maringá (Hatschbach 12949), Morretes (Hatschbach 41950), Tapejara (Hatschbach 17001); RIO GRANDE DO SUL, município de Torres (Záchia 707); RIO DE JANEIRO, municípios de Itatiaia (Jocelino s.n.), Macaé (Mattos 14822), Magé (Guedes s.n.), Nova Friburgo (Glaziou 18840), Parati (Giordano 1450), Petrópolis (Siqueira 32), Teresópolis (Thier 248), Valença (Spolidoro s.n.); SANTA CATARINA, municípios de Araranguá (Rambo s.n.), Blumenau (Klein 2336), Brusque (Klein 166), Florianópolis (Reitz 4088), Guaramirim (Kassner-Filho 1549), Itajaí (Klein 1810), Itapoá (Negrelle A681), Jacinto Machado (Oliveira 914), Santo Amaro da Imperatriz (Stival-Santos 3027), São Francisco Do Sul (Matias 218), São Pedro de Alcântara (NPFT 8), Tubarão (Ule s.n.); SÃO PAULO, municípios de Amparo (Kuhlmann 1099), Anhembi (Assumpção 7570), Bofete (Viani 553), Brotas (Gomes 71), Cajuru (Nicolau), Campinas (Santos 226), Cananéia (Urbanetz 163), Cubatão (Loefgren CGG5982), Guareí (Torres 296), Ibiúna (Baitello 791), Iguape (Fávero 673), Ilha do Cardoso (Vendemiatti 2), Ilha Comprida (Hanazaki 159), Itaberá (Guerin 80), Itirapina (Goldenberg 27908), Miracatu (Pirani 3137), Mogi Das Cruzes (Tomasulo 334), Pardinho (Gottsberger 111175), Pariquera-Açu (Ivanauskas 144), Piracicaba (Barretos 260), Queluz (Loefgren CGG5983), Registro (Lorenzi s.n.), São Carlos (Araújo s.n.), São José do Barreiro (Serafim 193), São José dos Campos (Silva 1247), São Luiz Do Paraitinga (Aguirre 6), São Paulo (Pickel s.n.), Sete Barras (Izar 1748), Tapiraí (Kuntz 1008), Taubaté (Riedel 1687), Ubatuba (Silva s.n.),

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor: Marta Moraes
Critério: A2cd
Categoria: VU
Justificativa:

Árvore com até 25 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Popularmente conhecida por "casca-de-barata" (Lobão et al., 2006) ou "pindaubuna", "pindaíba", "cortiça", "bindaíba" (Lorenzi, 2002); embira, erva-doce, guamirim, pimenta, pindaíba-vermelha, pindaúva, pindauvuna (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). A espécie é usada em construção civil, como tabuado, caibros, vigas e, para confecção de mastros e caixotaria (Lorenzi,2002). Foi coletada na a Floresta Estacional Semidecidual e na Floresta Ombrófila, ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), majoritariamente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina, havendo coletas esparsas nos estados da Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul. Apresenta dados populacionais (Aubert e Oliveira-Filho,1994; Gomes et al., 2004; Silva et al., 2004; Schorn e Galvão, 2006) que indicam populações relativamente grandes e em aparente expansão populacional, apesar de possível competição intra e inter especifica (Corrêa e Van Den Berg, 2002). Desmatamento, pecuária, mineração, barragens (Escobar, 2015; Lapig, 2018; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) são ameaças a espécie, responsáveis por declínio contínuo de EOO, AOO e qualidade de habitat nas localidades de ocorrência. A espécie foi considerada Quase ameaçada (NT) de extinção em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (Matinelli e Moraes, 2013), considerando ampla distribuição e possível redução populacional causada pelo declínio contínuo de indivíduos maduros, para extração e comercialização de sua madeira. Após uma revisão detalhada das coleções, a distribuição da espécie foi atualizada, havendo uma redução dos valores de EOO e AOO em relação a avaliação anterior, portanto atualmente limitada aos estados da Mata Atlântica, majoritariamente nas regiões Sudeste/Sul. Considerando, que a mais recente informação sobre o bioma Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam apenas 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, tendo sido desmatados 87,6% da área original do bioma e, que apesar dos resultados positivos da politica de desmatamento zero, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento, entre eles, quatro estados de ocorrência da espécie (Minas Gerais, Bahia, Paraná e Santa Catarina), a espécie passa a ser avaliada na categoria Vulnerável (VU), considerando uma redução populacional maior que 30% nas últimas três gerações (45-90 anos, cm base no tempo estimado para árvores de maior porte da Mata Atlântica), associada a declínio de AOO/EOO/habitat e potenciais níveis de exploração. Recomenda-se para os próximos cinco anos, ações de pesquisa sobre os níveis de exploração da espécie, bem como projeção de tendências populacionais. Além disso, recomenda-se a avaliação das potencialidades para sua conservação ex situ, incluindo coleta e armazenamento em banco de sementes, teste de germinação e possíveis reintroduções em caso de extinções locais. O monitoramento e controle das ameaças incidentes, inclusive por restrição legal de atividades minerárias em áreas prioritárias para conservação e em unidades de conservação com registro de espécies ameaçadas, é imprescindível para manutenção dos habitats preferenciais e perpetuação da espécie.

Último avistamento: 2018
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 e consta como "Quase Ameaçada" (NT) no Livro Vermelho da Flora do Brasil (Martinelli e Moraes, 2013), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 NT

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em: Neue Entdeck. Pflanzenk. 3: 50. 1822. Xylopia brasiliensis caracteriza-se pelo ritidoma descamante, que lhe confere o nome popular "casca-de-barata", pelas folhas de pequenas dimensões, e flores avermelhadas (Lobão et al., 2006). Nomes populares: "pindaubuna", "pindaíba", "cortiça", "bindaíba" (Lorenzi, 2002); embira, erva-doce, guamirim, pimenta, pindaíba-vermelha, pindaúva, pindauvuna (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: A madeira é usada em construção civil, como tabuado, caibros, vigas e, paraconfecção de mastros e caixotaria (Lorenzi,2002).

População:

Detalhes: A espécie apresenta boa representatividade nos locais onde ocorre e estudos apontam para o aumento populacional. Foram amostrados 95 indivíduos em Viçosa, MG, com uma DA de 122 ind./ha (Silva et al., 2004). Foram amostrados 1053 ind. em sub-bosque de plantios de Eucaliptus e Pinus, Lavras, MG (Aubert e Oliveira-Filho,1994). Em Pinhais, PR, apresentou 10 ind./ha (Seger et al., 2005). Em Brotas, SP foram amostrados 4 ind./ha (Gomes et al., 2004). Em um estudo de regeneração em estágio inicial em Blumenau, a espécie possui 150 ind./ha em 2001 e 250 ind./ha em 2003, sem registro de mortalidade (Schorn e Galvão, 2006). Em uma Floresta de Galeria em Itutinga, MG, Corrêa e Van Den Berg (2002) também concluíram que a subpopulação Xylopia brasiliensis também está aumentando e evidenciam que a competição intra-específica e inter-específica, inibem o crescimento, diminuindo o recrutamento e aumentando a mortalidade de indivíduos da espécie.
Referências:
  1. Silva, N.R.S., Martins, S.V., Meira Neto, J.A.A., Souza, A.L.D., 2004. Composição florística e estrutura de uma Floresta Estacional Semidecidual Montana em Viçosa, MG. R. Árvore, 28 (3): 397-405.
  2. Aubert, E., Oliveira Filho, A.T.D., 1994. Análise multivariada da estrutura fitossociológica do sob-bosque de plantios experimentais de Eucaliptus spp. e Pinus, spp. em Lavras, MG. Rev. Árvore, 18(3): 194-214.
  3. Seger, C. D., Dlugosz, F. L., Kurasz, G. et al., 2005. Levantamento florístico e análise fitossociológica de um remanescente de floresta ombrófila mista localizado no município de Pinhais, PR, Floresta, 35: 291-302.
  4. Gomes, B.Z., Martins, F.R., Tamashiro, J.Y., 2004. Estrutura do cerradão e da transição entre cerradão e floresta paludícola num fragmento da International Paper do Brasil Ltda., em Brotas, SP. Revista Brasil. Bot., 27 (2): 249-262.
  5. Schorn, L.A., Galvão, F., 2006. Dinâmica da regeneração natural em três estágios sucessionais de uma Floresta Ombrófila Densa em Blumenau, SC. Florestas, 36 (1): 59-74.
  6. Corrêa, B.S., Van Den Berg, E., 2002. Estudo da dinâmica da população de Xylopia brasiliensis Sprengel em relação a parâmetros populacionais e da comunidade em uma Floresta de Galeria em Itutinga, MG. Cerne, 8 (1): 1-12.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest, 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest
Detalhes: Árvore com até 25 m de altura (Assis 622) que habita a Mata Atlântica, na Floresta Estacional Semidecidual e na Floresta Ombrófila (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Xylopia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB110560>. Acesso em: 13 Jun. 2019

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 7.2 Dams & water management/use locality past,present,future local high
Coletada em Área inundada da Usina de Providência, Jequiri, MG (Salino 3754)
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching locality,habitat past,present,future regional high
O município de Santa Teresa com 68315 ha tem 12,3% de seu território (8449 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de São Mateus com 233870 ha, tem 20% de seu território (46329 ha), transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Coronel Pacheco (MG), com cerca de 13151 ha, contém 70% de sua área convertida em pastagens (Lapig, 2018). O município de Viçosa com 29942 ha tem 51% de seu território (15321 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Faria Lemos com 16522 ha tem 55% de seu território (9151 ha) convertidos em pastagem (Lapig, 2018). O município de São Roque de Minas com 209886 ha tem 46% de seu território (96661ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Descoberto com 21317 ha tem 64% de seu território (13777 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Lima Duarte (MG) com 84856 ha tem 45% de seu território (38246 ha) convertidos em pastagem (Lapig, 2018). O município de Juiz de Fora apresenta em seu território (143566 ha), 43% (62412 ha) ocupados por pastagem (Lapig, 2018). O município de Macaé (RJ), com 121622 ha, tem 45583 ha (37%) de seu território convertidos em pastagens (Lapig, 2018). O município de Valença com 130.481 ha tem 62% de seu território (81009 ha) convertidos em pastagem (Lapig, 2018). O município de Itatiaia com 24515 ha tem 16,2% de seu território (3983 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Torres com 16056 ha tem 70,4% de seu território (11310 ha) transformado em pastagem (Lapig, 2018). O município de São Luiz do Paraitinga com 61731 ha tem 44,3% de seu território (27359 ha) transformados em pastagens (Lapig, 2018).
Referências:
  1. Lapig, 2018.  http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 8 de novembro 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying present,future regional high
A espécie ocorre no município de Marliéria(MG), localizado na bacia hidrográfica do Rio Doce. A região foi recentemente afetada pelo desastre ambiental provocado pelo rompimento da barragem de Fundão, de rejeitos de minérios na região de Mariana (Escobar, 2015; Sánchez et al., 2018). Ainda estão sendo realizados estudos sobre os efeitos da contaminação química no solo, nas áreas no curso do Rio Doce, porém já existem análises do riscos causados pelo desastre ambiental, considerado o maior desastre ambiental da mineração.
Referências:
  1. Escobar, H., 2015. Mud tsunami wreaks ecological havoc in Brazil. Science (80-. ). 350, 1138–1139.
  2. Sánchez, L.E., Alger, K., Alonso, L., Francisco, B., Brito, M.C., Laureano, F., May, P., Roeser, H., Kakabadse, Y., 2018. Impacts of the Fundão Dam failure: a pathway to sustainable and resilient mitigation, Rio Doce Panel Thematic Report No. 1. https://doi.org/10.2305/iucn.ch.2018.18.en

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5 Law & policy on going
"Criticamente em perigo" (CR), segundo a Lista vermelha atualizada da flora do Rio Grande do Sul (FZB-RS, 2014). Avaliada como "Quase ameaçada" (NT) em nível nacional pelo CNCFlora (2013).
Referências:
  1. Fundação Zoo Botânica, 2014. ANEXO I Táxons da flora nativa do Estado Rio Grande do Sul ameaçadas de extinção (categorias: Criticamente em Perigo – CR, Em Perigo – EN e Vulnerável – VU). Disponível em: http://www.fzb.rs.gov.br/upload/20141208161010anexo_i_taxons_da_flora_nativa_do_estado_rio_grande_do_sul_ameacadas_de_extincao_1_.pdf (acesso em 13 de julho 2019).
  2. CNCFlora. Xylopia brasiliensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Xylopia brasiliensis>. Acesso em 13 julho 2019.
Ação Situação
1 Land/water protection on going
A espécie foi coletada no Reserva Biológica Augusto Ruschi - ES (Lopes 351), Parque Estadual do Rio Doce - MG (Lopes 482), Parque Nacional da Serra da Canastra - MG (Pontes 544), Parque Nacional do Itatiaia - RJ (Jocelino s.n.), Apa-Cairuçu - RJ (Giordano 1450), Reserva Ecológica Municipal de Macaé de Cima - RJ (Nadruz 526), Estação Ecológica de Angatuba - SP (Torres 296), Parque Estadual das Fontes do Ipiranga - SP (Young 10).

Ações de conservação (3):

Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
​A madeira é usada em construção civil, como tabuado, caibros, vigas e, para confecção de mastros e caixotaria (Lorenzi, 2002).
Referências:
  1. Lorenzi, H., 2002. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Editora Plantarum, 33-34 p.
Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural
A planta é colhida na natureza para uso medicinal (Tropical Plants Database, 2019)
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2019. Ken Fern. http://tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Xylopia+brasiliensis acesso em 13 junho 2019
Uso Proveniência Recurso
16. Other cultivated whole plant
É uma árvore muito ornamental que pode ser usada em paisagismo (Tropical Plants Database, 2019)
Referências:
  1. Tropical Plants Database, 2019. Ken Fern. http://tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Xylopia+brasiliensis acesso em 13 junho 2019